As manhãs não têm de ser rápidas. Não precisa de ser produtivo. E ainda mais — como uma corrida contra o relógio. Tudo o que o corpo realmente precisa depois de dormir é de espaço. Nem um calendário, nem notícias, nem respostas. E a paz que lhe permite não só acordar, mas ficar consigo mesmo durante pelo menos alguns minutos.
Quando o dia começa agitado, deixa de ser seu desde o início. Parece que está a ser roubado pelo mundo exterior: mensagens, tarefas, o barulho dos vizinhos, coisas que não estão à espera. Mas se tirar um pouco do seu tempo para o silêncio — mesmo antes de o mundo exterior começar — o corpo terá tempo para se recompor. E com este estado de serenidade, é mais fácil entrar no dia. Ele não ataca. E continua.
Nos primeiros minutos após acordar, não pode fazer nada. Apenas deite-se. Não pense em quantas coisas fazer. Não planeie. Não pese. Inalar. Expire. Os ombros suavizam um pouco. As mãos estão relaxadas. Ainda não há pensamentos na minha cabeça — apenas sons, impressões, ecos de sono.
Se se levantar sem pressa, terá a sensação: "Estou no controlo desta manhã". Não é um despertador, não é uma necessidade, mas sou eu. Este momento é difícil de explicar. Mas no corpo é sentido como suavidade no movimento. Quando se levanta não porque "precisa", mas porque está "pronto". E isso já muda todo o tom das próximas horas.
Caminhar de manhã também é diferente
Não precisa de ser reto. Pode andar descalço. Pode fazer um círculo entre as divisões. Sinta o chão, toque nos móveis, ouça o ranger de uma cadeira. Não se distraia. Não fuja para os pensamentos. Apenas vá, seja, respire.
Depois água
Aquecer. Não é afiado. Não aos goles, mas com pausas. Não por "benefício", mas como um gesto para mim próprio. E é neste simples ato de beber água lentamente que a profundidade aparece. Inesperadamente, mas é exatamente isso que acontece: quando não tem pressa nem nos goles, o seu corpo agradece. Não com uma voz. E a condição. Mais uniformemente. Acalmar. Sem qualquer diferença.
A roupa não é um espetáculo, mas um toque
Escolha algo familiar e confortável. Aquilo que não vincula. Não se vista à pressa. Capte a textura do tecido, o movimento do tecido na pele. Todos estes são sinais matinais. Formam os limites entre a noite e o dia. E se estes limites forem suaves, o dia respira de forma mais suave.
A luz é outro elemento da paz
Não acenda as luzes brilhantes imediatamente. Abra a cortina. Fique na penumbra. Dê tempo aos seus olhos para se ajustarem. Permita-se ver mais do que uma coisa de cada vez. Gradualmente. Tal como o corpo, o mundo é melhor percebido quando não o ataca, mas o convida.
Os sons da manhã também têm poder
Se possível, fique sem eles. Se preferir, música ligeira, familiar, não rítmica. Ou sons naturais da janela. O farfalhar das árvores. Passos na rua. Vozes à distância. Nem todos podem ser irritantes, mas sim um pano de fundo. Se ao menos lhes déssemos espaço.
Se tomar chá, beba-o devagar
Sem telefone. Sem um plano. Basta segurar o copo nas mãos. Sinta o calor. Talvez este seja o único momento do dia em que ninguém o distrai. E se esse momento passar, tudo se tornará mais difícil depois.
Quando o dia começa com este silêncio, o corpo entra nele de forma diferente. Não há saltos no pensamento. Não há picos de tensão. Mesmo que haja muita coisa pela frente, não está a alcançar. Você está a liderar. E é esse o principal poder da calma matinal.
Não se trata de rituais complexos. Não sobre a "manhã perfeita". Trata-se de preservar o espaço onde pode ser você mesmo. Pelo menos dez minutos. Pelo menos cinco. E esses minutos são poupados. Em movimento. Na voz. Na forma como se senta. Como diz isso? Como está a ouvir?
É a partir destas manhãs que se constroem dias com menos stress. Dias em que não precisa de recuperar constantemente. Porque não se perde - desde o início.
Comentários (02)
Bianca Tavares
Este sítio fez-me repensar a forma como me movo ao longo do dia. Agora sinto-me mais em sintonia com o meu ritmo
Duarte Guerreiro
Cada artigo parece um momento de tranquilidade - traz estrutura sem pressão